A produção brasileira que tentará uma indicação na categoria de filme estrangeiro no Oscar 2008 é O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, com direção de Cao Hamburger. O roteiro do filme demorou quatro anos para ser feito e passou por quatro pessoas - o próprio Cao, Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani e Anna Muylaert. O personagem central é Mauro (Michel Joelsas), que está na pré-adolescência no início da década de 70, quando seus pais são obrigados a viver na clandestinidade. O Brasil vivia a euforia da Copa de 70, quando o tricampeonato era dado como praticamente certo. É nesse cenário que o garoto é deixado na casa do avô (Paulo Autran, em pequena participação), no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Seus pais (Simone Spoladore e Eduardo Moreira) são obrigados a "sair de férias" por causa de suas ideologias políticas. Mauro acaba se vendo sozinho quando o avô morre antes mesmo de o menino chegar ao apartamento. Quem assume o posto informal de guardião é Shlomo (Germano Haiut), um homem que mora no apartamento ao lado.
Os dois personagens criam então uma relação simbiótica, cujo resultado será uma melhor descoberta de quem é cada um, superando preconceitos e adversidades. Isso será fundamental na formação da personalidade do menino, que é filho de um judeu e uma católica, nenhum deles praticante.
O menino acaba sendo 'adotado' por todo o prédio de moradores judeus, fazendo refeições cada dia na casa de um vizinho, e fica amigo de algumas crianças, entre elas a menina Hanna (Daniela Piepszyk), com quem joga futebol na rua. Nem por isso, Mauro deixa de esperar um telefonema de seus pais que prometeram manter contato.
O diretor e co-roteirista não tem medo de fazer um filme emotivo, mas, ao mesmo tempo sóbrio, sem nunca ser piegas ou apelativo. A trajetória de Mauro é melancólica, mas também cheia de irreverência, como a paixão platônica que os meninos nutrem pela bela Irene (Liliana Castro) ou a incessante busca por uma figurinha para completar o álbum da Copa.
O título do filme, aliás, seria "Goleiro", numa clara alusão à posição em que Mauro joga, mas também a uma metáfora do filme. Como diz um personagem, "goleiro é o jogador que está sozinho", exatamente a situação que o garoto enfrenta.
"O Ano em que meus pais saíram de férias" é um dos filmes mais sensíveis produzidos no cinema brasileiro nos últimos anos. Sua temática intimista e a relação entre política e vida pessoal dos personagens remetem a obras como o argentino "Kamchatka" e o chileno "Machuca", que também usavam a ditadura como pano-de-fundo.
Os dois personagens criam então uma relação simbiótica, cujo resultado será uma melhor descoberta de quem é cada um, superando preconceitos e adversidades. Isso será fundamental na formação da personalidade do menino, que é filho de um judeu e uma católica, nenhum deles praticante.
O menino acaba sendo 'adotado' por todo o prédio de moradores judeus, fazendo refeições cada dia na casa de um vizinho, e fica amigo de algumas crianças, entre elas a menina Hanna (Daniela Piepszyk), com quem joga futebol na rua. Nem por isso, Mauro deixa de esperar um telefonema de seus pais que prometeram manter contato.
O diretor e co-roteirista não tem medo de fazer um filme emotivo, mas, ao mesmo tempo sóbrio, sem nunca ser piegas ou apelativo. A trajetória de Mauro é melancólica, mas também cheia de irreverência, como a paixão platônica que os meninos nutrem pela bela Irene (Liliana Castro) ou a incessante busca por uma figurinha para completar o álbum da Copa.
O título do filme, aliás, seria "Goleiro", numa clara alusão à posição em que Mauro joga, mas também a uma metáfora do filme. Como diz um personagem, "goleiro é o jogador que está sozinho", exatamente a situação que o garoto enfrenta.
"O Ano em que meus pais saíram de férias" é um dos filmes mais sensíveis produzidos no cinema brasileiro nos últimos anos. Sua temática intimista e a relação entre política e vida pessoal dos personagens remetem a obras como o argentino "Kamchatka" e o chileno "Machuca", que também usavam a ditadura como pano-de-fundo.
Um comentário:
Que chique, esse blog comentando notícias fresquinhas. Essa aí saiu hoje mesmo.
Ainda não vi o filme, mas agora fiquei louca pra ver.
Parabéns pelo texto!
Beijos
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