segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Em choque


O filme Crash – No limite fala sobre limites, intolerâncias e preconceitos. É mais do que um estudo sobre preconceito e violência; é acima de tudo, uma visão sensível sobre a natureza humana. Graças à série de histórias que se entrecruzam, percebe-se como alguém que num minuto é visto como “vilão” pode surgir, no instante seguinte, como uma pessoa digna de respeito e admiração.

Crash é um filme que relata situações vivenciadas por inúmeros personagens. O filme mostra o encontro de vários personagens totalmente diferentes nas ruas de Los Angeles: uma dona-de-casa e seu marido, promotor público, da alta sociedade; um lojista persa; um casal de detetives da polícia – ele afro-americano, ela latina -, que também são amantes; um diretor de televisão afro-americano e sua esposa; um mexicano especialista em chaves; dois ladrões de carros da periferia; um policial novato e um casal coreano de meia-idade. Todos vivem em Los Angeles e cada um tem sua própria história. E durante 36 horas, eles se encontram em várias situações e limites.

O filme é extremamente interessante, porém preocupadamente confuso ao abordar questões sérias da vida cotidiana. Ao levantar a questão racial retrata a realidade vívida por minorias (no sentido de força política) étnicas, tentando chamar atenção do expectador no que diz respeito ao preconceito. Isto nos faz refletir que a sociedade é complexa e nos mostra que as minorias (no sentido político) sempre tiveram seus direitos postos em detrimento e que, na sociedade, aqueles que historicamente detiveram o poder sempre subjugaram as minorias.

Neste sentido, a Câmara de Rio Branco instalou a Frente Parlamentar pela Cidadania GLBT. A maioria dos vereadores assinou o manifesto em favor da frente, entre eles o Presidente da Casa, vereador Pedrinho Oliveira; o líder do prefeito, vereador Márcio Batista (PC do B); a líder do PT, Maria Antonia e vice-presidente da Casa, Ariane Cadaxo (PC do B), a articuladora da frente. A vereadora aproveitou para apresentar projeto de lei criando o “Dia Municipal de Combate a Homofobia”.

Como manifestação de preconceito invisível a bancada evangélica composta pelos vereadores Jessé Santiago, Jonas Costa e Astério Moreira (PSB), além de Bete Pinheiro e Luiz Anute (PPPS) não assinou o manifesto. Os vereadores evangélicos nada têm contra os homossexuais, mas preferem não apoiar a criação da Frente Parlamentar. Os vereadores George Pires e Juracy Nogueira, ambos do PP, não são evangélicos, mas neste particular, caminham juntos com a bancada evangélica e também não assinaram o manifesto.

Enfim, o filme propõe uma reflexão muito interessante sobre os relacionamentos dentro da sociedade atual. Em um mundo onde nós precisamos nos chocar (crash, em inglês) com as outras pessoas para nos relacionarmos, emocionantes histórias de personagens diferentes se entrecortam em um enredo intenso com desfechos surpreendentes, mostrando que a vida nem sempre é como desejamos.
Texto: Francielle Modesto

Um comentário:

Maria Clara disse...

Fran,
Apreciei muito seu texto, mesmo discordando um pouco dele.
No tocante ao filme, entendo que é exatamente isso que você descreveu, nem mais nem menos.
Contudo, no demais, gostaria de acrescentar que as minorias não são apenas subjugadas pelos detentores do poder político, elas são também manipuladas, como joquetes nas mãos dos nossos nobres representantes, que convenientemente apóiam as suas causas.
Acredito que pouca coisa há de genuína nesses políticos engajados em tais movimentos. Com raríssimas exceções, com a mesma desenvoltura que eles participam da parada gay, eles vão a cultos evangélicos durantes suas campanhas eleitorais para aumentar o seu eleitorado.
Pelo menos a bancada evangélica é mais coerente com os seus eleitores, ainda que fiquem taxados de politicamente incorretos, ou preconceituosos invisíveis, como você os descreveu.